Na passada sexta-feira, dia 8, Maria, a Virgem fiel, ensinava-nos a acolher a graça e
a surpresa desta vinda do Senhor. Maria dispõe-se, com toda a pureza e atenção do
coração, a escutar e a pôr em prática a Palavra de Deus, acolhendo no seu seio uma
nova vida, a de um Filho que não estava nos seus planos e que viria a desarranjar
por completo a sua vida, a dar-lhe outro rumo, uma nova direção. Neste domingo,
a figura austera e humilde de João Batista, a pregar no deserto, ensina-nos a
acolher a vinda do Senhor, que veio a primeira vez na humildade da Sua natureza
humana, assumindo, na nossa própria carne, o estilo de uma vida sóbria, pobre e
simples, centrada no essencial, longe do ruído que dispersa e da fartura que
enfastia, para despertar no coração o desejo de Deus. Boa caminhada de Advento.
Votos de um Santo Domingo e de uma semana abençoada!
Mostra-nos, Senhor, o Teu amor e dá-nos a Tua salvação.
Queremos escutar o que nos dizes: fala de paz ao nosso coração.
Abre caminhos no nosso deserto e vem consolar-nos.
Derrama sobre nós a Tua misericórdia:
Abra-se a terra e germine a justiça!
Ternura não significa, simplesmente, ter olhos doces, mas implica
proximidade, capacidade para envolver e se envolver, para tocar
fisicamente a carne sofredora de Cristo, nos mais pobres e sós, sabendo
eliminar as distâncias, que nos separam (cf. EG 24)! O nosso mundo de hoje
pode bem comparar-se a um campo de batalha, cheio de mortos e feridos.
E, por isso, a missão da Igreja é comparável à de um hospital de campanha,
cuja urgência é curar, pela proximidade e pela ternura, consolar com a
palavra e o gesto, que toca e fala ao coração. É este, pois, o desafio da 2ª
semana de advento: “envolver e envolver-se: com obras e gestos, a
comunidade missionária entra na vida diária dos outros, encurta as
distâncias, abaixa-se – se for necessário – até à humilhação e assume a vida
humana, tocando a carne sofredora de Cristo, no povo” (EG 24).